14 de jul. de 2017

O grande responsável permanece blindado, ou no anonimato

"É hora do lanche, que hora tão feliz, tirando meleca do nariz" Domínio público Foto Joaquim Dantas/Blog do Arretadinho
"É hora do lanche, que hora tão feliz, tirando meleca do nariz"
Domínio público
Foto Joaquim Dantas/Blog do Arretadinho
Temer, Cunha, Jucá, Moro, Maia, Gilmar... São pequenos demais para amarrar a desconstrução do Brasil com tanta competência e eficiência.

Para isso é necessário um super cérebro, do tipo Roberto Campos, Delfin Neto et caterva, artífices da desgraça em tempos idos.

Este sujeito existe e é o mais ativo no governo, atendendo ao mercado e dando as cartas, com Temer apenas subscrevendo a suas ordens, tanto que a Globo está fazendo de tudo para colocar um novo boneco de plantão, Rodrigo Maia, mas com a ressalva de que a iminência parda continue.

Seu nome? Henrique Meireles.

Examinemos a biografia deste cidadão quase norte-americano.

Meirelles entrou para o BankBoston em 1974, servindo de elo de ligação entre o grande capital ianque e a ditadura militar brasileira, lá permanecendo por 28 anos.

Em 1984, quando a ditadura militar agonizava, com o povo exigindo diretas já, a direção do BankBoston o indicou para fazer o curso de Advanced  Management Program, na Havard Business School, o mesmo curso de Moro, onde os estrangeiros tomam contato e são recrutados pelos serviços de inteligência e espionagem norte-americanos.

Terminado o curso e mantidos os contatos, Meirelles voltou para o Brasil como presidente do BankBoston aqui, para garantir a continuidade da política neoliberal dos militares, mesmo finda a ditadura, ficando por 12 anos, durante os governos de Sarney, Collor, Itamar e quase todo o primeiro mandato de FHC, quando voltou para os Estados Unidos e assumiu a presidência mundial do banco, aposentando-se e voltando para o Brasil, filiando-se ao PSDB, candidatando-se e vencendo a eleição para deputado federal, no estado de Goiás.

Considerando o seu conhecimento e o trânsito internacional, entre políticos e capitalistas estrangeiros (ele foi do restrito clã de Bill Clinton), Lula o convidou para ser o presidente do Banco Central.

Ele se desfiliou do PSDB e renunciou ao mandato de deputado, ficando com Lula durante os seus dois governos.

Grande parte do sucesso da política econômica de Lula se deveu à política do Banco Central, a Meirelles, e na crise de 2015, na gestão de Joaquim Levy, já no governo Dilma, Lula não só indicou como trabalhou o retorno de Meirelles ao governo petista, como Ministro da Fazenda.

Até aqui Meireles foi subordinado a Lula, Palocci e Mantega, praticando o liberalismo, mas com o pé no freio, o que permitiu a Lula dar característica social democrata aos seus governos.

Com o fim do segundo governo Lula, Meirelles foi para a J&F, holding que controla diversas empresas, entre elas a JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, tornando-se presidente do grupo, o que quer dizer que soube sempre de todas as falcatruas dos dois.

Quando começou a conspirata contra Dilma e a democracia brasileira, de iniciativa da embaixadora norte-americana, Liliane Ayalde, o ex informante da Cia no Brasil, Michel Temer, e a Rede Globo de Televisão, fazendo uso do boneco de mamulengo, Eduardo Cunha, explorando a sua principal característica, a desonestidade, o primeiro nome a ser sacado pelos golpistas foi o de Henrique Meirelles, para dirigir os interesses dos golpistas.

Agora, com o golpista de plantão sendo flagrado roubando, prestes a cair por podridão moral, só há duas exigências do governo norte-americano e do grande empresariado brasileiro: que Meirelles continue à frente da política econômica e que as reformas continuem.

O boneco de mamulengo que sucederá Temer não tem importância. Desde que seja manipulado por Meirelles, qualquer um serve.

Por fim, uma pergunta ao próprio Meirelles: como é que ele justifica ter trocado um salário de milhões de reais, mensais, por um salário de menos de trinta mil reais? Em nome de quê? Atendendo a quê?

E para quem achou muito o presidente da JBS ganhar milhões, lembro que a receita do grupo é de 65 bilhões, mais que o PIB de muitos países.

A quem serve Henrique Meirelles, o pai das reformas que estão destruindo o Brasil?

Francisco Costa
Rio, 14/07/2017.

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